terça-feira, 21 de dezembro de 2010

MARIAZINHA DE MARIA

Maria era bonitinha
Sorria fácil e beijava molhado
Andava com molejo na cintura
Pelas ruelas da vida

Conheceu a favela
Conheceu o malandro da favela
Amor bandido
Pegou em armas
Vermelho é a cor do sangue?

Ganhou apelido
Fez tatuagem
Fala gírias
Trafica
Cadê a inocência que estava ali?

Furtou um carro
Roubou um banco
Está sendo procurada
Tem no corpo balas
Morta caiu ao chão!

Não viu flores
Nunca teve o perdão
Morreu Maria
Cravada no calçadão.
.
.
Leon Danon

DESEQUILIBRO

Por isso, há uma cidade dentro de mim
De ruas chamadas veias
E artérias avenidas
Nesse oceano vermelho do meu sangue
Sigo meu humilde destino
Num simplório barquinho de papel
O vento me leva...
Mas para aonde?

Do que vale navegar pelas marés
Procurando algum cais para atracar
Minhas aflições pelo mundo lá fora
Se meu coração provoca em mim
Um sentimental infarto sem dores, sem a palidez da morte
Simplesmente pelo sentimento que tudo provoca.

Meus atos insólitos incomodam a maioria
Que vivem em rotina de máquina
Bombeia seus corações óleo diesel
Que sentido tem o amor?
Se no eletrocardiograma
Seus sinais vitais são lembranças
De uma linha de montagem.

Registro num pedaço de papel
Meus dias de lucidez e glória
Escrevendo palavras rimadas
Poesias urbanas na fumaça das fábricas
Riquezas de poucos com o suor de muitos
Vejo o mundo como fragmentos de vida
Um eterno canteiro de obras por toda Terra
Não sou e não quero ser
Nenhum operário do mundo!
Vivo e sou diferente

Minha metáfora poética
Insiste provar que a vida
É muito mais que movimentos mecânicos
Retratados em recortes de jornais
E em telejornais que a mídia explora
Estou sozinho contra a ameaça
A grande ameaça da vida de máquina!
.
.
Leon Danon

PARA VOCÊ

Que hoje seja o melhor dos dias
Repleto de luz
E carregado de estrelas
A paz se faça sempre presente
Pela música que vem do mar
E você comece a cantar
Coisas de Amor.

Eterna Namorada
Amante da natureza
Vida na estrada
Eterna viajante
De vários caminhos
Onde descobrimos
Placa de Boas amizades.

Tenha uma boa noite de sono
Quando passar o aniversário
Daquelas reservadas aos sonhadores
Que dão sentido a vida
Que dão colorido ao mundo
Nas cores mais belas que possa existir
Vista de cada Janela
Nas paisagens que encantam
Dando sentido
As coisas boas e as boas coisas.

Seja Realizada
Buscando o que te faça feliz
Dano-lhe prazer
Ao Provocar suas emoções
Sentimento à Flor da pele
Onde suas lágrimas
Sejam sadias
Molhando ao ponto de semear
Infinitas alegrias.
.
.
Leon Danon

ÚNICO

Meu mundo é uma janela
Minhas fronteiras são edifícios
Vejo avenidas e postes
Poeira, fumaça e o progresso

Mas dentro da minha casa
A pureza vem das palavras
Vindas das águas dos olhos
Sinceridade...

Nas ruas pessoas caminham
Procuram algo que faça algum sentido
Trabalha, trabalha e trabalha
Trocam máscaras e farpas
Matam e também morrem

Eu caminho limpo
Com meus pés descalços
Verdade...

Meu olhar ainda é “verde”
Tenho nas mãos sementes
O perfume está em toda parte
Sou único no mundo
Esperança...
.
.
Leon Danon

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A LUZ DE DEUS (A luz que eu preciso)

Existe uma luz que nos atinge
De forma precisa
Na justa medida
Das nossas vidas.

Tem o calor do fogo
Tem a paz das calmarias
É conhecida pelo sol em cada amanhecer
É reconhecida pela lua no anoitecer
É a luz da vida.

Está pelas cidades
Em todos os lugares
Dentro dos lares
Na forma de energia
Irradia o calor humano
Aquecendo o coração.

Transforma a tristeza
Multiplica a alegria
Colore a felicidade
Numa cor nunca vista
Na paleta das cores dos homens.

Sua luz é imensidão no mundo
É o amor vivo nos corações
Das pessoas que vivem dessa luz
Santa vida iluminada
Brilho intenso na nossa caminhada
Vem pela palavra sob forma de oração.

A luz que eu preciso
Para viver em comunhão
Com Cristo e com Deus
Na minha vida
De pecado e ilusão
Vejo habitar no meu interior
A iluminação sagrada
Transformadora do mal em bem
E isso...
É o bastante!
.
.
Leon Danon

NOVELA

São caras e bocas da gente
No viver a vida das pessoas
Em plena “cama de gato”

Passa nas mentes – Novela
Pulsa nas veias – Novelas
Saí pela boca – Novelas

Mistura-se
Arte, realidade e ficção
Sentimentos,
Desejos
E opinião.

São prédios e antenas
São antenas nas favelas
Ótimo sinal de retransmissão
Paixão e ódio
Loucura e lucidez
Invade os lares
Invade os guetos
Invade nossas vidas
Todo homem e toda mulher
Teleguiados telespectadores
“Pessoas-novela”

Novela que distrai
Novela que atrai
Milhares na TV...

Somos
Formigas no açúcar
Somos
Abelhas no mel
Mas
Insetos em volta da lâmpada
É para poucos...
.
.
Leon Danon

AMOR INSENSÍVEL

Qual a cor da lágrima
Quando a tinta não é alegria
No rosto de um palhaço
Pelo circo da vida.

A paixão
Tem lembranças
Lembranças de alguém
Alguém que sempre mora
Mora perto de um rio
E...
Todo rio
Pode aparecer de um choro
Nossos olhos – Eterna fonte
Sentimentos molhados
Mascara descolorida
Amor
Saudade
Saí pela face...

TODO ALVO – Um coração
TODA FLEXA – Uma declaração de amor
(Nem sempre acertada)

Asas quebradas
Abatidos todos os cupidos
Pelos “coitados” na vida
Que acreditou
Sonhou
E se iludiu com o amor
O amor insensível
Que maltrata
Os corações
Das pessoas.
.
.
Leon Danon

ANDANÇA

Andei sem direção
Em caminhos de areia
A beira-mar
Visão de barcos
Pessoas que pescam
Com embarcações de papel
Peixes coloridos
Crianças brincam na praia
Ondas a levar
Destinos salgados
Cantos das sereias
Nos homens de mar.

Caminhei pelas estradas
Caminhões e carros sem fim
Engarrafamentos de marcas
Asfalto e metal em pleno meio-dia
Anda um homem já sem tempo
Passa o tempo indiferente
As aflições humanas
Vende-se pelas esquinas
Stress e inocência de menina
Num comportamento mecânico
O coração pulsa sangue
E não óleo diesel
Assim somos
Urbanos.

Pisei no céu e espalhei estrelas
Diante da chuva lua minguante
Vi o mundo desequilibrado e sem cor
Vi a terra sem o azul
Nosso planeta sem rota
A rota da salvação devina
Perdemos a leveza de um sorriso
Pela gravidade dos pensamentos
Seremos catadores de asteróides
No diserto da consciência e na vã esperança
De mais uma conquista espacial
Caminhamos pelo universo
Já vazio, solitário e mudo
Astronautas nus de sentimentos.
.
.
Leon Danon

CAÍ O AMOR

Caí o amor
Gotejante sem parar
No coração de uma pessoa
Molhando a semente
Fazendo a flor surgir
No peito de algum amante.

Bendito esse amor que aflora
Levando casais
Na condição de amantes
Em declarações confidentes
Seladas por beijos
Pela paixão avassaladora.

Rostos felizes
Mãos num balé da procura
Vão se encontrar
Pela a noite
Línguas sedentas a percorrer
Sinais de olhares
Corpos em brasa
Deixa ficar.
.
.
Leon Danon

LÁGRIMAS E LAMAS

Caí à chuva
Caí com força
Leva as pedras
Leva o barro
Leva as casas
A caminho do mar...

A natureza molhada
Na força das águas
Carregou as árvores
Carregou as pessoas.

São vítimas
São mortes
São nomes a catalogar.

São pertences
São tristezas
São saudades.

Somente, tão somente
Lágrimas e lamas.

A terra soterrou
Mudou a paisagem
Sujou a viagem
Levou a alegria.

Adeus a passagem
De 2009 para 2010

Angra dos Reis
Perdeu os turistas
Perdeu a linda vista
Dos barcos...
.
.
Leon Danon