terça-feira, 21 de dezembro de 2010

DESEQUILIBRO

Por isso, há uma cidade dentro de mim
De ruas chamadas veias
E artérias avenidas
Nesse oceano vermelho do meu sangue
Sigo meu humilde destino
Num simplório barquinho de papel
O vento me leva...
Mas para aonde?

Do que vale navegar pelas marés
Procurando algum cais para atracar
Minhas aflições pelo mundo lá fora
Se meu coração provoca em mim
Um sentimental infarto sem dores, sem a palidez da morte
Simplesmente pelo sentimento que tudo provoca.

Meus atos insólitos incomodam a maioria
Que vivem em rotina de máquina
Bombeia seus corações óleo diesel
Que sentido tem o amor?
Se no eletrocardiograma
Seus sinais vitais são lembranças
De uma linha de montagem.

Registro num pedaço de papel
Meus dias de lucidez e glória
Escrevendo palavras rimadas
Poesias urbanas na fumaça das fábricas
Riquezas de poucos com o suor de muitos
Vejo o mundo como fragmentos de vida
Um eterno canteiro de obras por toda Terra
Não sou e não quero ser
Nenhum operário do mundo!
Vivo e sou diferente

Minha metáfora poética
Insiste provar que a vida
É muito mais que movimentos mecânicos
Retratados em recortes de jornais
E em telejornais que a mídia explora
Estou sozinho contra a ameaça
A grande ameaça da vida de máquina!
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Leon Danon

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